A semana que acabou de passar na
França não teve nada de normal. A sociedade toda ficou de olho na procura do
assassinato dos militares e das crianças judias em Toulouse, no sul da França,
e na operação do RAID (tropas de choque) para prendê-lo. As imagens da
intervenção policial percorreram o mundo inteiro, como as da união nacional,
simbolizada pela reunião dos candidatos à Presidência em Toulouse.
A União Nacional durou uma semana. Foto: Internet |
Uma pausa na campanha eleitoral
aceitada por todos. É verdade que pareceria inconveniente falar brigas políticas
num contexto tão terrível. Os crimes de Mohamed Mehra, o jovem que matou três
militares em Montauban e três crianças e um professor na frente de uma escola
judia em Toulouse, provocaram uma emoção tão grande na sociedade francesa que
os candidatos decidiram deixar de lado a campanha para mostrar ao povo que eles
também podiam estar atingidos pela violência destes atos.
Mas, mesmo se Mohamed Mehra foi morto
pelas forças especiais da Polícia Nacional, ele deixa na sociedade e na vida política
francesa um assunto importante: a questão da segurança. Pois, foi o assunto
mais discutido pelos candidatos à Presidência nesses últimos dias. Marine Le
Pen, candidata da Frente Nacional, foi a primeira, relembrando seus assuntos
favoritos que são insegurança e imigração. Segundo ela, os dois são ligados e qualificou
o Mehra de ‘muçulmano de origem magrebina’ sem nunca dizer que ele era de
nacionalidade francesa. Esta situação (um jovem de origem argelina, muçulmano e
que teria agido segundo os princípios da guerra santa, matando servidores do Estado
e crianças) poderia ser favorável para a extrema-direita que já está
aproveitando da simpatia de numerosos eleitores. Mas segundo as últimas
pesquisas, Marine Le Pen perderia o terceiro lugar no primeiro turno e o deixaria
ao Jean-Luc Mélanchon, candidato da Frente de Esquerda.
Mohamed Mehra o atirador de Toulouse. Foto: Internet |
Então, este acontecimento pode
beneficiar ao Nicolas Sarkozy? Derrotado até pelo Dr. House que tem uma audiência
maior do que ele quando fala na TV, o atual Presidente francês poderia
aproveitar desta tragédia para melhorar a sua imagem. Pois é, a partir de
segunda-feira, ele voltou a se apresentar como o Presidente e não mais como o
candidato. Segundo as pesquisas, a sua popularidade está crescendo e as
intenções de votos no primeiro turno também. Sobretudo graças a este tema da
segurança no qual o ocupante do Palácio do Elysée é creditado da maior
credibilidade. Uma credibilidade que o candidato socialista François Hollande afirma
querer recuperar em margem do discurso de Ajaccio deste sábado.
A missão não será fácil. Em
Rueil-Malmaison, Nicolas Sarkozy atacou o socialista afirmando que nunca votou
nenhuma lei anti-terrorista nos últimos 5 anos e anunciou a votação de novas
leis para reforçar as que já existem. Uma declaração que François Hollande não
esqueceu de comentar em Ajaccio criticando o balanço do atual presidente: ‘A
República deve assegurar o direito de todos à segurança e garanti-lo constantemente.
Temos de aplicar a lei. Não inventar uma em cada momento e em cada circunstância’,
declarou o candidato socialista antes de completar que ‘não era uma campanha
que ia apagar um mandato ruim’. Uma impressão que se verifica nas pesquisas,
pois, apesar da melhora do Sarkozy, ele ficaria derrotado no segundo turno, de
qualquer jeito.
Gauthier Berthélémy