Os
poemas acima são do autor Ramon Diego. Nascido
no interior da Paraíba (um dos Estados da região Nordeste do
Brasil) desde pequeno teve influências literárias tanto em sua
região que é riquissima culturalmente como através dos professores
que foi encontrando pelo caminho. Por paixão começou a estudar o
francês, projeto que se concretizou com o percurso universitario em
FLE. Nesse meio tempo, através de crowdfunding, o autor lançou o
livro Viagens Rasas - com influências da art-nouveau e da poesia
concreta - e os projetos não param por aí. Confira abaixo a
entrevista com o autor.
Eu
nasci na cidade de Sousa, na Paraíba, desde pequeno tive contato com
o cordel, produção literária muito forte por lá. Atualmente, moro
na cidade de Nossa Senhora da Glória (SE). Comecei a escrever ainda
no ensino médio, em 2006, de lá para cá venho tentando aprimorar o
que escrevo, lapidar, trabalhar com essa matéria prima que é a
palavra. Desde 2010 pensava em publicar um livro sobre a efemeridade
das coisas no nosso mundo e de como a ideia de rapidez perpassa a
nossa percepção acerca da realidade na qual estamos inseridos. No
mesmo ano comecei a escrever o livro que publiquei apenas em 2013,
“Viagem Rasa”. O que me motivou a seguir o caminho das letras,
penso, talvez tenha sido os professores com os quais estudei, eles
davam ótimas aulas sobre literatura e isso me deixava empolgado, com
vontade de ler, depois de ler muita coisa, aí sim, comecei, aos
poucos, a produzir um poema aqui outro acolá.
2- O
que te motivou lançar seu livro mesmo sabendo que no Brasil não é
facil ser escritor?
Rilke,
em suas “Cartas a um jovem poeta” provoca-nos sobre o porquê de
ser poeta/escritor e consegue chegar a reflexão de que, se você só
é completo escrevendo, então, sim, você pode escrever e ser um
escritor. Eu sou completo enquanto escrevo e isso faz parte dessa
vontade que temos de nos inclinarmos sobre nós e enxergamos alguma
lógica dentro da existência, tornando-nos mais conscientes do mundo
que nos cerca, por isso escrevo.
3- Qual
é a sua relação com a língua francesa? Por que optou em
estudá-la?
Um
dos primeiros livros que li, “Os miseráveis”, era de um autor
francês, Victor Hugo. Como eu gostei muito do
livro, fiquei imaginando como seria lê-lo em francês, no idioma
original. Muito tempo se passou até eu conhecer uma
professora de literatura brasileira que falava francês, que morava
na minha cidade e que acabou se tornando minha amiga, com ela tive o
primeiro contato com o idioma, através de pequenas aulas que ela me
dava sem cobrar nada. Apaixonei-me pelo idioma e hoje sou aluno do
curso de Letras português/francês pela Universidade Federal de
Sergipe e, além de tudo, consegui realizar a minha peleja de ler
grandes obras da literatura universal em francês.
4
- Sobre o seu livro, Viagem Rasa, o que o leitor pode esperar?
O
processo de produção do livro foi um trabalho maravilhoso e
enriquecedor, me ajudou a entender um pouco mais sobre o mercado
editorial no Brasil e sobre a cena literária do país. O grande
problema depois de escrito, é que eu não tinha grana para publicar,
nem capa. O livro foi totalmente financiado pelos leitores mediante
uma campanha de captação de recursos para a publicação realizada
pelo Facebook, na qual cada leitor contribuía para o livro com o que
pensasse que valesse a poesia, também ganhei a capa do livro, de uma
artista extremamente talentosa, humana e solidária, a Sandra
Hiromoto (PR). Ou seja, juntando todo o processo, o livro demorou
três anos para ser concluído. O leitor pode esperar um livro de
poesias rápidas e de grande impacto sobre a consciência que a
linguagem nos desperta dentro da labuta poética.
5- O
livro teve boa aceitação da critica e te rendeu indicações e
prêmios, você esperava tamanha repercussão?
A
gente sempre espera que, o que fazemos, ainda mais de coração, seja
apreciado pelo público leitor, mas realmente me surpreendi!
Surpreendi-me pois o livro foi feito de forma independente e
consolidado da mesma forma, publiquei 400 exemplares com o dinheiro
arrecadado, 100 doei no dia do lançamento, como prática de
democratização da literatura produzida na cidade de Nossa Senhora
da Glória - SE. O lançamento foi todo organizado pela Associação
Cultural Sertão na Arte, associação de amigos que se reúnem em
prol da criação de espaços alternativos, nos quais se possa
discutir cultura e produção cultural. Além disso, o livro não foi
publicado por grandes editoras, mas consegui muita divulgação de
gente que acredita na poesia e na literatura, de amigos que escrevem
e de agentes culturais pelo mundo e, isso foi muito recompensante.
6 - Quais são os seus proximos projetos? Mestrado? O lançamento de um
novo livro?
Pretendo
lançar um segundo livro, talvez na metade do ano de 2015, estou
recebendo propostas de algumas editoras que publicam autores
iniciantes, mas, por enquanto tenho me dedicado aos estudos
literários, outra grande paixão. Pretendo sim fazer meu mestrado na
área de Literatura Brasileira, vamos ver no que dá! (risos).
*Biografia do autor: Ramon Diego est un étudiant de lettres, poète et membre de l'Académie Gloriense de Lettres et de l'Association Culturelle Sertão à l'Art. Il vit dans la ville de Nossa Senhora da Glória, au Brésil.
Por Allana Andrade