Esta semana, François Hollande, presidente da república francesa,
estava em visita oficial na Argélia. Para este país, a primeira ida do atual
chefe do executivo francês em terras argelinas era muito esperada. Breve
balanço desta viagem presidencial.
Hollande na Argélia. Foto : Philippe Wojazer/Pool/AFP/Internet |
As relações entre França e
Argélia nunca foram das mais fáceis. Antiga colônia francesa durante 132 anos,
a pátria magrebina acessou a independência no sofrimento após uma guerra de
1956 a 1962, na qual as forças armadas francesas usaram recursos ilegais tais
como a tortura para conter a rebelião. De fato, de um lado como no outro do mar
mediterrâneo, o trauma e o sofrimento causados pelo enfrentamento e a
colonização deixaram marcas dolorosas. Assim, a visita de um presidente francês
na Argélia nunca foi um exercício dos mais evidentes.
Desta vez, François Hollande
decidiu fazer da memória e da juventude os dois temas principais da sua ida.
Dia 20 de dezembro, ele pronunciou um discurso no Parlamento argelino em Alger
no qual reconheceu o “sofrimento” causado pelos fatos de “uma colonização
injusta” exercida pelo governo francês. Ele evocou o massacre de Sétif perpetrado
o dia 8 de maio 1945, data da vitoria dos aliados contra o nazismo e durante a
qual a França “não cumpriu seus valores universais” reprimindo uma manifestação
a favor da autonomia e causando a morte de 20 mil pessoas.
No mesmo discurso,
François hollande chamou a uma cooperação entre os historiadores franceses e
argelinos para que a verdade seja feita sobre “a violência, a injustiça, os
sofrimentos e a tortura” e homenageou os franceses que lutaram a favor da independência
da Argélia.
Na saída, os parlamentares
julgaram “não suficiente” o discurso do chefe do executivo francês apesar de tê-lo
aplaudido durante a sessão. As opiniões não diferem entre “ele não se desculpou
o suficiente” ou “ele fez o mais que ele podia neste contexto”.
Depois de uma visita rápida na
capital argelina, François Hollande fez um discurso na universidade de Tiemcen
no oeste do país. Lá, ele anunciou um maior esforço futuro para que os
estudantes possam acessar aos vistos temporários de estudos e outras ajudas
sociais favorecendo os intercâmbios universitários entre os dois países.
Gauthier Berthélémy