lundi 19 mars 2012

Cultura: Vocabulário misturado


Influência do vocabulário francês no Brasil. Foto: Internet
Ligar um abajur, ir a um show de balé, utilizar o bidê, visitar um ateliê... Você já ouviu ou usou essas palavras? Talvez já tenha usado um boné, ganho um cachê, comprado numa boutique e recebido um buquê. E quanto ao batom? Já comprou alguns? Já ganhou um bibelô? Teve medo ao ver um cassetete e utilizou produtos do camelô?

Quem nunca comeu uma omelete, crepes, um bolo com glacê, champignon, mousse? Guardou itens no nécessaire ou sonhou com brinde com uma taça de champanhe no Réveillon? Quem já curtiu uma matinê, esperou o placar do jogo, comeu maionese, cometeu uma gafe ou fez flor de papel crepom?

Flor de papel Crepom. Foto: Internet

Você já olhou uma maquete? Pensou em fazer greve? Jogou tênis com uma raquete? Quem nunca chamou o garçom de amigo? Comeu um purê? Fez pose para a foto? Colocou uma carta no envelope? Quem quer fazer parte da elite e usar roupa de etiqueta? Chama banheiro de toalete ou anda de camionete?

É muito comum encontrar brasileiros falando termos franceses, tanto que às vezes nem percebem que a palavra não é original do idioma português. É o caso das palavras acima e de outras como: crepe, clichê, chique e crochê. E que tal: menu, maiô, marrom e metrô? Sem falar de: bege, boate, capô, cavanhaque e chalé. Isso acontece porque no vocabulário do Brasil, muitas são as palavras de origem francesa.

Mas de onde teríamos adquirido essa quantidade de termos? Como explicar o fato de usarmos as palavras cachecol, bijuteria, complô e escargot? Atualmente poderíamos citar a globalização, o uso de computadores, ou até mesmo a facilidade em conhecer outros países. E há séculos atrás? Onde nossos antepassados, nossos avôs e bisavôs aprenderam? Ir ao cabaré, comer num bufê, fazer tricô, usar perfume, costurar um paletó ou passar maquiagem (ou maquilagem)?

Maquiagem ou maquilagem. Foto: Internet

Independente da forma como a palavra veio para o Brasil e como a utilizamos atualmente é inegável a participação da língua francesa na construção do nosso idioma. Quem não se lembra da moda da pochete? Usar uma roupa em cores degradê? Uns óculos fumês? Atravessar a avenida? Comprar e dividir no carnê? E os advogados usando jargão? Um patê com torradas? Um artista em turnê pelo país?

Seja na moda (colaint, tafetá, escarpan, Chanel), na culinária (salada, canapé, caviar, conhaque, creme, croissant, filé, fondue), em todas as áreas podemos encontrar termos originários do francês. Vale lembrar também que a cultura francesa sempre foi muito bem vista. Influenciados pelo século XIX na época dos artistas, pela Revolução Francesa em nossa Independência. Sem falar da Belle Époque, das aulas de francês obrigatórias nas escolas públicas do país.

Belle Époque: inovação e beleza. Foto: Internet

O termo oficial utilizado para essas palavras é galicismo ou francesismo. Ele é considerado um vício de linguagem na qual se usa uma palavra, frase ou expressão do francês sendo traduzida ou mantida no original. Quando a palavra é incorporada ao idioma sem modificações, passa a ser um estrangeirismo. É o caso de lingerie, dossiê, flamboyant, chance, nuance e tailler.

O interessante é que alguns termos tiveram mudanças de significado. É o caso de: marrom (castanha, ou seja, a cor da castanha e não propriamente a cor escura que conhecemos), chofer (do chauffeur que vem do verbo aquecer, ou seja, aquele que aquece o motor do carro) e greve (em Paris existiu uma praça chamada Place de Grève às margens do Sena onde os trabalhadores se manifestavam).

Conheça outras palavras de origem francesa: bomboniére, lilás, marionete, verniz, carroceria, cassete, chantagem, chassi, cobaia, croqui, cupom, déjà vu, detalhe, edredom, guichê, guidom (de bicicleta), limusine, maçom, madame, matiz, pasteurizar, pivô, pierrot, première, record, sanguessuga, suíte, touché, Tsunami e universal.


Allana Andrade




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