Passear por Salvador, ir ao
centro histórico, subir as ladeiras do Pelourinho. Essa ideia de passeio
perfeito pode rapidamente vir por água abaixo no momento que o turista começa a caminhar e observar os casarões históricos. Vale lembrar que chamo
aqui turista toda e qualquer pessoa que não viva nos bairros citados. Até mesmo
um soteropolitano que por ventura estiver passando nos arredores da Praça da Sé
são insistentemente importunados por vendedores dos mais diversos tipos.
Certidão emitida pela Delegacia de Turismo de Salvador-BA |
Mas voltarei ao turista
tradicional, que vem de outras cidades (meu caso) ou dos mais diversos países (em
2 dias vi japoneses, alemães, ingleses, norte-americanos, espanhóis e
franceses...) Quanto ao pensamento deles não posso relatar, mas falo aqui com
informações presenciadas e vividas por mim, meu noivo (francês) e um amigo
(também francês).
Visitar o Pelourinho hoje está
insustentável! Digo isso com conhecimento de causa. Das vezes que fui a
Salvador sempre senti a sensação de insegurança e vulnerabilidade apesar de
sempre ter uma viatura policial próxima ou circulando nas ruas. E por que esse
sentimento tão ruim em um passeio que deveria encantar a todos? Exatamente pela
ilusão que vemos ao redor de Salvador. A ilusão de um lugar histórico com
beleza arquitetônica, mas que por muitas vezes é ofuscada pelos insistentes
vendedores quer seja de fitinhas (chegam ao ponto de puxar seu braço no meio da
rua – em um momento achei que era assalto! – e o pior, vende-las a preços
abusivos, sim fui obrigada a adquirir a bênção do Senhor do Bomfim por 4 reais.
Isso mesmo 4 reais por 9 fitinhas que você compra no Mercado modelo ao preço de
1 real!). Mas até aí tudo bem, não vou fazer conta de 3 reais.
O que eu vou relatar agora é o
que me faz realmente escrever esse texto. Vulnerabilidade, medo, angústia,
despreparo, decepção e raiva. Esses são apenas alguns dos sentimentos que
passamos (eu, meu noivo e amigo) ontem por volta das 15h30. Estávamos
retornando da Praça Castro Alves (havia um evento para comemorar o 1º de Maio)
em direção ao Pelourinho (onde estávamos hospedados). No momento em que passamos
pela metade da ladeira fomos abordados por alguém que se dizia guia turístico.
Recusamos o pacote turístico, até porque em menos de 4 horas retornaríamos a Aracaju,
foi então que veio a triste surpresa. Quando meu noivo disse ‘não obrigado’ o
guia resolveu insistir de forma abusiva e então dissemos ‘por favor, nos deixe
tranquilos’. Neste momento o guia simplesmente surtou (esse foi o pensamento
que tive, tamanho o desequilíbrio emocional do cidadão) e começou a nos xingar
e ameaçar em inglês (não me pergunte o porque da escolha deste idioma, se não
nos comunicamos nesta língua!).
Continuamos sendo xingados e humilhados,
mas sem responder subimos a ladeira até a Praça da Sé onde sentamos em um dos
banquinhos para descansar e aguardar o horário da viagem. Eis que surge em
nossas costas o guia e simplesmente continuou a nos xingar de todo tipo de
palavra (em inglês) que não gostaria de repeti-las. Neste momento corri em
direção a um policial que estava na praça para pedir ajuda tamanho o nervosismo
que sentia. Não satisfeito com isso, o guia soltou outra ameaça "se eu
encontrar você vou lhe quebrar e também seu trabalho como você quebrou o
meu" e saiu em direção ao Pelourinho.
Sem saber como agir, tivemos sorte
por encontrar uma senhora (também jornalista) que passava pelo local e nos
encaminhou à Delegacia de Turismo, onde registramos o ocorrido e agora
aguardamos os encaminhamentos. No caminho, essa jornalista nos informou que o ‘guia’
que possui farda, crachá e todos os indicativos legais para exercer a profissão
na verdade não é regulamentado. Ou seja, além de ser um cidadão comum, sem
direito de guiar os turistas ele ainda se acha no direito de nos dirigir com
desrespeito e ameaças.
Fica aqui registrada a minha
insatisfação com relação à política instaurada em Salvador e faço as seguintes
perguntas aos órgãos responsáveis:
1- Que
tipo de providência será tomada para que os turistas não mais sofram com esse
tipo de situação, sabendo que das cidades que já visitei (no Brasil e no
exterior) Salvador é a única, repito única, a permitir tamanho desrespeito?
2- Já
foram pensadas medidas emergenciais e educativas para que durante eventos como
a Copa do Mundo, a qual espera-se milhares de turistas estrangeiros, para que
incidentes abusivos como esse sejam evitados?
3- Até
quando vamos ter que suportar situações semelhantes?
4- Se
esses tipos de guias não são regulamentados, mas todos na região os conhece
como ilegais, o que a secretaria de turismo de Salvador, junto com a Prefeitura
e Governo do Estado estão fazendo?
Com a palavra, os representantes
oficiais!
Allana Andrade
Pelo menos fizeram a queixa não só no blog, mas também judicialmente. É um absurdo que sejamos vítimas de tais abusos gratuitamente enquanto queremos apenas nos divertir sem dever nada a ninguém. Espero que esse tipo de situação, ao menos esse, seja resolvido o mais rápido possível, afinal, isso faz a imagem do país ficar denegrida no restante dos estados e no exterior. Principalmente por ser um tipo de serviço ligado a estrangeiros, já que um guia turístico deve ser, em primeiro lugar simpático e educado [apesar desse deliquente não ser regulamentado]. Nem fingir o indigente sabe, tsc.
RépondreSupprimerEi Allana, que absurdo, que vergonha... cadê o Secretario de Turismo?
RépondreSupprimerOi, Allana!!!
RépondreSupprimerQuanto tempo!!! Descobri seu blog pelo LinkedIn. Muito legal a ideia!
Salvador tá cheio de gente como esse guia citado. Os flanelinhas e vendedores ambulantes são quase todos desse nível. Um dia estava passeando com uma amiga japonesa e um vendedor ofereceu uma fitinha do Senhor do Bonfim e disse que era de graça. Depois apareceu pra vender outros produtos e quando falamos que não queríamos nada, tirou a fitinha do braço da minha amiga e ainda nos xingou!