vendredi 13 avril 2012

E a França perde um pouco mais a memória...


Raymond Aubrac era uma dos últimos membros vivos da Resistência francesa (foto:internet)


Na madrugada de quarta-feira, na noite na qual ele costumava atuar há 60 anos, Raymond Aubrac, um dos últimos membros da Resistência francesa, partiu para outros céus. Depois de 97 anos de uma vida cheia de ação e de coragem, o que conhecia pessoalmente o famoso Jean Moulin foi encontrar seus antigos companheiros de luta e a com qual ele lidou as maiores batalhas, sua esposa, a Resistente Lucie Aubrac. Perfil ao longo da História francesa.

Na mente dos Franceses, a Segunda Guerra Mundial está ainda muito presente. Período de humilhação provocada pela rápida derrota do exército em maio de 1940 (algumas semanas foram suficientes à Wehrmacht, o exercito alemão, para destruir as defesas francesas) e pela ocupação severa de grande parte do seu território pelos nazistas, os anos 1940-1945 ficam no imaginário coletivo como um trauma importante. Frente à ocupação, uma parte dos franceses decidiu esperar, outra parte achou na presença nazista uma oportunidade para os negócios ou para assumir publicamente a sua raiva contra os Judeus ou os comunistas. Rapidamente se instalou na França um Estado totalmente dedicado à colaboração com o poder nazista.

No dia 18 de junho de 1940, o Général de Gaulle, membro do exercito francês no exílio em Londres, fez uma chamada desesperada no radio inglês. Nela, ele pedia aos franceses que conseguiam ouvi-lo e que queria resistir à tirania nazista se juntar a ele para organizar a libertação do Hexágono. Poucos meses depois, milhares de franceses atravessaram clandestinamente o canal da Manche de avião ou de barco para formar as Forças Francesas Livres.

Mas no território francês, os que não foram para Londres não deixaram de participar. Formaram grupos de ação escondidos para complicar os planos nazistas. Foi o caso do Raymond Aubrac. Depois da derrota militar, ele se instala em Lyon com a sua esposa. Em 1941, eles criam a seção do movimento Libération-Sud na cidade. Mostrando uma verdadeira vontade e uma organização quase militar, o casal escapa várias vezes aos nazistas e à polícia francesa ao serviço do poder colaboracionista. Documentos falsos, ação de sabotagem, transmissão de informação em Londres ou ajuda de aviadores ingleses em missão fazem parte do cotidiano de Lucie e Raymond Aubrac. Mas, em 21 de junho de 1943, algumas semanas depois da criação do Conselho Nacional da Resistência, enquanto os membros do grupo de Lyon se reuniam com Jean Moulin, o representante de Charles de Gaulle era procurado pelos serviços nazistas. No inicio da tarde, os homens da Gestapo, informados por traidores, entram na sala e prenderam os participantes.

Jean Moulin, um dos símbolos da Resistência (foto: internet) 


Todos são transferidos para a sede da Gestapo em Lyon, na avenida Berthelot onde hoje está o Museu da Resistência e da Deportação. La, eles foram interrogados e torturados por Klaus Barbie e seus homens. Jean Moulin morreu sem falar. Este último ato de coragem o tornou o símbolo do esforço das Forças Francesas Livres para libertar a França. Raymond Aubrac conseguiu escapar graças à força e à coragem da sua esposa que organizou sozinha a fuga do seu marido e de 14 outros Resistentes. O episódio inspirou um filme chamado 'Lucie Aubrac'.

Raymond e Lucie Aubrac, unidos tanto na vida como no campo de batalha (foto:internet)


Depois da Libertação do país, Raymond se tornou membro ativo do Partido Comunista e ocupou cargos importantes para a reconstrução da França. Sua formação em engenharia civil foi útil para o novo governo pós-guerra. Amigo de Hô-Chi-Minh, ele foi um dos negociadores entre os Estados Unidos e a rebelião Viet durante a guerra do Vietnã.

Nos últimos anos da sua vida, Raymond Aubrac percorria a França para falar da Resistência e das suas heranças: o sistema social, a saúde e a educação pública e gratuita, a criação da aposentadoria e a grande maioria das medidas sociais existentes atualmente no Hexágono. Em 2009, ele se juntava a Stéphane Hessel e Edgar Morin, outros Resistentes, para fazer a “Chamada à Juventude” para denunciar as ameaças feitas a esses progressos sociais. Na ultima quarta-feira, Raymond Aubrac reencontrou Lucie. Com ele, uma parte da memória, testemunha das horas escuras do país, da força e da justiça social francesas se foram. 

Gauthier Berthélémy

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